Moagem de cana no Centro-Sul na reta final
Conforme a Unica, até o fim de novembro 70% das unidades do Centro-Sul terão encerrado o ciclo
Com as 34 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas na segunda quinzena de outubro, as usinas do Centro-Sul acumularam nesta safra 2014/15, até 1º de novembro uma moagem de 515 milhões de toneladas, 95% do volume de 545 milhões projetado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) para toda o ciclo.
Os números sugerem uma revisão para cima da moagem, uma vez que o processamento ainda tem os meses de novembro e dezembro a percorrer. No entanto, a ameaça de um “fim súbito” da oferta de cana, sobretudo em São Paulo, ainda mantém o cenário de incertezas.
Ao Valor, o diretor-técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, disse que, a princípio, a entidade não revisará a estimativa de moagem. A entidade, continua ele, vai continuar apurando os números no campo para chegar a uma conclusão. O fato é que há previsão de que muitas usinas devam encerrar a moagem em novembro.
Governo Federal diz apoiar setor canavieiro
“Pediram recursos para renovação de canaviais e o governo destinou R$ 4 bilhões ao ano desde 2010, e ainda disponibilizou R$ 2 bilhões para estocagem”, diz Cid Caldas
O governo federal disse que apoia, sim, o setor sucroalcooleiro. A afirmação é do coordenador geral de açúcar e etanol do Ministério da Agricultura, Cid Jorge Caldas.
Ele citou, por exemplo, os créditos que as indústrias têm disponível para renovação das lavouras e para a viabilização de estrutura de estocagem de açúcar e etanol.
“Peiram recursos para renovação de canaviais e o governo destinou R$ 4 bilhões ao ano desde 2010, e ainda disponibilizou R$ 2 bilhões para estocagem [também ao ano]“, afirmou.
Caldas disse que o problema do setor teve origem em 2008, ano do início da crise econômica mundial, que começou nos EUA. E isso, na visão dele, contribuiu decisivamente para os problemas que as usinas atravessam hoje.
“As usinas não estavam preparadas para atravessar essa crise”, afirmou Caldas.
Segundo ele, alguns grupos arrendaram grandes extensões de terra muito acima dos valores de mercado, o que acabou comprometendo a vida financeira deles.
O coordenador disse ainda que o impacto no lucro das empresas foi reflexo de perda de produtividade.
Afirmou que o protocolo agroambiental acertado entre o governo de São Paulo e produtores para encerrar a queima da cana até 2017 fez com que algumas usinas colhessem cana em lavouras preparadas para o corte manual, afetando o rendimento.
Ele também atribui os problemas a três “crises climáticas” desde 2010. “Era excesso ou falta de chuva [como ocorre atualmente]“, disse.
Conforme Caldas, o governo pode discutir uma compensação para aquisição de energia a partir da biomassa da cana, uma das reivindicações do setor, já que se trata de uma “eletricidade limpa”.
Fonte: Folha de S. Paulo